FAMÍLIA SAPORETTI

Tuesday, May 16, 2006

1- Os Imigrantes no Brasil no Início do sec.XX

Américo Saporetti Filho


O começo da nova vida do imigrante no país que o recebe é de incerteza pontilhada por desenganos, desilusões, desafetos. Só aos espíritos fortes, curtidos na esperança e imbatíveis, é dado ser imigrantes e vencer. Aos que imigram acena-se a fartura, o bem estar, a riqueza e a bonança. Vêm tentar em ambiente hostil o que lhes falta ou é negado na terra mãe. No fim do século XIX a Itália não oferecia dignidade de vida à maioria dos seus filhos. Miséria, desemprego, decepção campeavam na "bota" da Europa. E o Brasil? O Brasil pressionado pela comunidade dos países livres encabeçados pela Inglaterra havia libertado os seus escravos negros e necessitavam com urgência de novos braços, de preferência brancos, para sua lavoura de café.

Com os negros libertos não podia contar, pois embriagados com a liberdade que lhes fora imposta sem consulta, jaziam como párias livres pelos cantos, envolvidos em drogas, prostituição, álcool, caserna, trabalhos vis. Pensou-se nos estrangeiros e no recrutamento em massa. Abriu-se então formidável campanha de apologia ao Brasil no exterior. Em vários jornais da Itália, convocações para o "país da fartura" aonde "todos têm emprego" e vivem "alegres e felizes" foram feitas insistentemente até catalizar a opinião pública sofrida para uma vida melhor e mais fácil.

Os pobres italianos acorreram em filas intermináveis aos consulados brasileiros onde eram registrados, assinavam contratos de trabalho e eram enviados ao Brasil em porões de navios mercantes. Desembarcados em Santos e confinados em acampamentos improvisados, eram "vistoriados", vacinados e em sete dias no máximo, liberados para a fazenda e o coronel de quem seriam dependentes lavradores. Já chegavam à fazenda devendo ao proprietário a passagem de navio, a comida durante a viagem, a "estadia" no acampamento e todas as demais despesas contabilizadas. Muitos não conseguiam saldar esta dívida e passavam a vida inteira na penúria, trabalhando duro de alvorecer a anoitecer como verdadeiros escravos brancos sob as esporas de coronéis sem complacência.

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